23 abril 2007

1+1=0

Ontem descobri que minha mais longa história de amor é,
na verdade, a que nunca aconteceu.
Não existem provas, nem lençóis, nem cheiros, nem nada.
Não houve presentes, nem brigas, nem cenas de ciúme.
Nunca fiz você chorar de saudade,
Nem lembro de também ter chorado assim.

Não sei de cor seus defeitos,
Nem conheço todas as qualidades.
Mas você conta bem, é certo. Então me fala:
Quantos dias couberam nesses anos?
E quantos mais teremos, nós?

Nem sei se aqui cabe plural;
Afinal, essa é uma história de amor às avessas.
E tão peculiar é ela, ou somos nós, ou sou eu,
Que até hoje, mesmo depois de tanto tempo,
Ter você por perto me deixa com sensação de abismo.

E maturidade, e tempo, e tudo que deveríamos ter e não tivemos,
São como milhares de pontos de afastamento;
Pequenos mosaicos de negação que nunca mudam
E alimentam-se ad eternum.
Somos moto-contínuos de nós mesmos:
Sem fim, mas também sem começo.

Que cor seus olhos teriam, depois de mim pela manhã?
Será que conseguiríamos respirar, em cada primeiro abraço?
Tolices, está pensando...
Pois é, também você não conhece meus defeitos.
Escrever é só mais um deles. Como tentar ter.
Ter você? Pensar em ter?

Revistas, só leio de trás pra frente.
“Prenúncio de final cujo começo não existiu”,
Diriam os absolutamente supersticiosos.
Será verdade?
Eu quis começo, fim, recomeço...
Não, não quis o fim,
Mas histórias de amor com apenas um
Existem apenas no papel, às vezes nem lá.

Talvez você seja minha história de amor eterna...
Pelo único fato de sempre não ser.


"O poeta é um fingidor..."

4 Comments:

Blogger Carol Biavati said...

Ainda bem que vc não perde o brilhantismo. Adorei, minha querida. Saudades!

1:48 PM  
Anonymous Anônimo said...

é, um dia chegarei aos seus pés na escrita.

a escritora aqui é vc

beijos

3:04 PM  
Anonymous Anônimo said...

Não resisti.
Tenho que comentar.. rsrsrs
Ate parece que estou vendo um filmimho passando na minha frente.
Perfeito!

5:42 PM  
Blogger Maré Viva said...

Maravilhosa esta poesia e porque será que se encaixa tão bem no nosso quotidiano? Porque a vida é feita de pequenas repetições? Porque as almas sensíveis possuem uma essência única?
Um beijo.

2:18 AM  

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