02 março 2010

POEMA PARA UM DIA SEM FINAL

Eu não tenho medo de escuro.
Virei as costas ao farol de Alexandria.
Quebrei bússolas que ousaram mostrar o norte.
Desfiz estradas, paragens, pontes e atalhos.
Cruzei desertos com olhos abertos às tempestades.
Usei o tempo na troca de sóis por luas.
Fiz da pele o apagar de qualquer tocha.

Eu não tenho medo de escuro.
Sigo constelação de estrelas negras.
Nado em águas que nunca soube.
Amargo saudades que não me pertencem.
Acordo de sonhos não tidos.
...

Eu não tenho medo de escuro.
De repente, você em mim:
E tudo fica tão claro que chega a cegar.
...

15 dezembro 2009

Ode ao MEU Século XX

Deveria me bastar, então,
ser a mais (in)feliz entre as criaturas,
todas elas.
Sob inspiração, nada dei ao mundo:
Não dancei um tango,
nem compus um ilegítimo bolero...
Nunca ameacei assassinatos ou suicídio,
e pouco me dei ao trabalho de um buquê, ainda em papel, que fosse.
Conheço, sim, o desenho do sol,
mas o óbvio bemol, a mim, é um perfeito estranho.
Não rezei a Deus ou ao diabo e, isso,
só porque não rezo nunca.
Aí, tentei virar poeta...
Mas, como linhas de caderno em branco,
replico o mais, do mesmo, sempre igual.
Vago de um cheio a outro,
sem que se apague, em mim,
tudo que a chuva molha, ainda que apenas só por dentro.

01 dezembro 2007

CARPE DIEM

Sentado entre sol e chuva,
tenta lembrar como chegou ali,
e o que o fez parar.
Há muito desistiu de contar os dias,
e já não sabe quantas noites ganhou,
por vê-las inteiras.

Perderam-se sonhos de padaria,
esqueceu músicas antigas,
não chegou a aprender novos passos.
Mas, que diferença?
Ele não dança.

Apenas espera.
Que sequem roupas,
olhos e outra garrafa.

Mais uma mensagem.
Um pedido de socorro?
O segredo de uma vida?
Difícil dizer.
Ninguém entende sua língua.

Não existe mar, ao norte da auto-ajuda.

"O poeta é um fingidor..."

Pós Liesel e Max.

16 novembro 2007

MEGAeSTORE

O que me seduz é o improvável:
Busco o raro no aparentemente comum.
Procuro saber mais sobre tudo, além do que existe nos rasos.
Talvez isso explique a paixão pelas vírgulas.
Comparo as vírgulas às esquinas que,
Antes de oposição, são continuidade.
Parar não é obrigatório, seguir também não,
E voltar é sempre possível.
Sigo, volto, busco, e minto que quase acerto o alvo.
Mas ele sempre foge no último minuto, e continua sendo raro.
É a escassez dele que determina o valor que tem pra mim.
E é sua presença rara que me move, em repetidos dias,
Pra constatar de novo que não o tenho, e que só tento.
Agora, não tenho nem mesmo segredos a contar.
Fora isso, tudo continua igual:
Pessoas, seções, autógrafos e distâncias.
Dias, pontos, corredores e parágrafos.
E nada converge, apesar de dias...
E nada revela, apesar de livros...
E nada aproxima, apesar de palavras...

Devo voltar aos números, penso.

17 outubro 2007

TITANIUM

Queria assim, um amor meio drops...
Não, drops demora muito.
Queria assim, um amor meio pastilha Garoto:
Gostoso, suave e passageiro.
Coloquei no fundo da mala o Halls preto
(no céu da boca é quase eterno),
E decidi viver a fantasia de encontrar a fortuna,
Contada em moedas de chocolate.

Queria beijos que nem roubados fossem, de tão gratuitos,
E olhares que não vissem nem mostrassem nada além do que desejo: Desejo.
Queria pernas pesando em mim durante apenas uma noite de sono,
E marcas (nas costas) que durassem semana, nem isso.
Queria escutar juras de amor, eterno até o final da próxima tarde,
E ter abraços que me chamassem mais pra perto,
Sem que me levassem a nenhum lugar.
Queria a entrega da paixão de horas, poucas, sem sobrenome,
E momentos de intenções sempre piores,
Minhas e de quem quer que fosse.

Loucura? Será?
Retirado o papel, não tenho mais moedas.
O chocolate é o mesmo.

18 setembro 2007

CHOCOLATES PRA VOCÊ

...Então, me enchi de festa.
Arrumei no vaso as flores de organza
Pintadas com lápis de cor,
E fui ao andar de cima, acender algumas estrelas;
Daquelas que brilham ao fechar de olhos.
Escolho um vinho, ou um licor, ou uma água,
E troco os copos mais uma vez.
Afasto a janela até ver a praia (será que gosta?),
Coloco o tango no início (eu não sei dançar) e,
De relance, leio horas.
Retoco o perfume,
Me olho no espelho,
Imagino se demora,
E concluo que sim,
Aço combina com pedra.

Se o convite fosse feito,
Você estaria aqui, agora?

31 julho 2007

54º G.L.

Como num suicídio mal-feito, lento e dolorido,
Assisto inerte à desconstrução de mim e do que vejo.
Até aqui, onde mal escrevo, me leio cada vez pior;
E entre goles longos de solidão e tristeza,
Só alívio, por não haver testemunhas.
Como sempre, o medo ou a vergonha,
Quem sabe os dois juntos,
Apagam em mim qualquer rastro
Da menor coragem
Presente em todos os covardes.

O que busco parece tão pouco e comum,
Ter em mim um alento qualquer, mas, nada...
Não encontro brilhos de certezas que me inquietem,
Nem sombras de dúvidas que me protejam.
Mas ainda assim, ainda assim, busco sinais.
E pouco importa a mim que sejam de mais ou de menos:
Não sou eu nem uma coisa nem outra, em verdade.

- Garçom, mais um absyntho.
Ou outra dose de qualquer coisa
Que mate apenas lentamente minha própria felicidade.

"O poeta é um fingidor..."
A partir de Erasmo para Thomas.

23 abril 2007

1+1=0

Ontem descobri que minha mais longa história de amor é,
na verdade, a que nunca aconteceu.
Não existem provas, nem lençóis, nem cheiros, nem nada.
Não houve presentes, nem brigas, nem cenas de ciúme.
Nunca fiz você chorar de saudade,
Nem lembro de também ter chorado assim.

Não sei de cor seus defeitos,
Nem conheço todas as qualidades.
Mas você conta bem, é certo. Então me fala:
Quantos dias couberam nesses anos?
E quantos mais teremos, nós?

Nem sei se aqui cabe plural;
Afinal, essa é uma história de amor às avessas.
E tão peculiar é ela, ou somos nós, ou sou eu,
Que até hoje, mesmo depois de tanto tempo,
Ter você por perto me deixa com sensação de abismo.

E maturidade, e tempo, e tudo que deveríamos ter e não tivemos,
São como milhares de pontos de afastamento;
Pequenos mosaicos de negação que nunca mudam
E alimentam-se ad eternum.
Somos moto-contínuos de nós mesmos:
Sem fim, mas também sem começo.

Que cor seus olhos teriam, depois de mim pela manhã?
Será que conseguiríamos respirar, em cada primeiro abraço?
Tolices, está pensando...
Pois é, também você não conhece meus defeitos.
Escrever é só mais um deles. Como tentar ter.
Ter você? Pensar em ter?

Revistas, só leio de trás pra frente.
“Prenúncio de final cujo começo não existiu”,
Diriam os absolutamente supersticiosos.
Será verdade?
Eu quis começo, fim, recomeço...
Não, não quis o fim,
Mas histórias de amor com apenas um
Existem apenas no papel, às vezes nem lá.

Talvez você seja minha história de amor eterna...
Pelo único fato de sempre não ser.


"O poeta é um fingidor..."

13 janeiro 2007

SOU EU?

Às vezes,
sinto tanta vontade de te beijar, que penso em te bater.
Como se vingança pelo gosto da tua boca,
que até já esqueci, mas ainda lembro.
Bater sem machucar, se fosse possível...
Só pra te deixar perto,
pele da minha carne como eu nunca fui de mim.
Não, não sou normal.
Nem mesmo posso me sentir comum.
Mas, ainda assim, quero esse beijo.
Ele e tudo o que nele se faz depois.
Tudo que, sendo teu, cabe em mim na mesma medida.
Sem sobras.
Sem dores.
Sabores.
Odores.
Suores.
Rimas medíocres,
palavras soltas,
métrica ruim.
O que a falta de um beijo não faz...

08 setembro 2006

EIS O DIA DE TUA MORTE

Prova do doce último que guardaste, quimera de comemoração.
Separa tuas duas bastantes peças, úmidas agora de um lamento mudo.
Solta de ti as correntes poucas, caminhos de tua máxima liberdade.
Corre os olhos pelas letras todas, também elas não passaram de meras palavras.
Escuta a melodia feita em ardósia; desvarios apenas teus.
Afasta o aço quente que marca só a tua pele; o uno é insano.
Vê as cores daquele céu de domingo; o sol do oeste não nascerá de novo.
Por fim, morrerás jovem.
Escolheste bem a data, de teu próprio nascimento.
Não haverá cortejo como companhia, que não tua própria e triste sombra.
Foste cedo, partiste em vão.
Não tiveste em vida nada que te fosse real.
Apenas ela, tua despedida. Um reflexo de espelho.
Morre, então, náufrago em lágrimas secas.
Nem direito à própria piedade, queda em desgraça.
Aprende agora, antes do fim próximo,
que por mais fundas que pareçam a ti
as águas de qualquer mar,
são na verdade como poças, para quem lá habita.
"O poeta é um fingidor..."

26 agosto 2006

OMNIA VINCIT AMOR

Como concordar com Virgílio? Sob quantas mantas, e atrás de quantas paredes, ele estava, quando escreveu isso? No mais das vezes, verdades absolutas alcançam apenas o latifúndio de um braço à frente da boca, às vezes nem...
Deveria estar ele, no momento, movido por paixão, qualquer que fosse ela. Sim, claro. Apenas um ser apaixonado pensa com tanta grandeza, estando à mercê de toda sorte de provações, tempestades e ameaças.
Como entender Virgílio? Vê-lo como um bravo, que caminha sobre brasas como prova do seu amor incondicional por algo ou alguém? Percebê-lo como louco, que a despeito dos perigos que o rondam, ainda assim resiste, persiste, e não teme a derrota do seu corpo, que virá certamente? Ou será que ele apenas sofreu, como muitos, as dores todas de amores e suas faltas, um dia esquecidas pelo tempo, pela distância, e concluiu que sim, o amor vence tudo; desde que não sejamos covardes o suficiente para apenas esperar que isso aconteça?
Fico devendo essa resposta a mim. Por hora, busco uma manta, ao menos, e uma parede a mais.

15 julho 2006

COTIDIANO

Acordo devagar, e a primeira coisa que vejo são aqueles olhos azuis, lindos, me observando.
Seu olhar é penetrante, me sinto meio hipnotizada. Faço um carinho, e ele me retribui com uma mordida leve. Sinto que não posso fugir mais; sim, darei o que quer.
Levanto da cama e vou colocar leite para Theodoro, meu filho-gato, gato-filho.

05 março 2006

O JARDIM

Devolvi, à vida, as flores que a vida me deu.
Não fui eu a plantá-las, e não as vi crescer antes de recebê-las no que se tornou, desde então, o meu jardim. Sim, sempre preferi jardins a ramalhetes. As flores devem ser vida, bela vida, não apenas arranjo, belo arranjo, que nunca suporta uma década.
E recebi então as flores que busquei. Não sabia, até então, como cuidar de flores. Mas aprendi, junto com elas, a cuidá-las, a amá-las, a querer que estivessem sempre a embelezar minha vida. É certo: As flores fizeram-me melhor do que nunca fui, antes de tê-las. E tentei fazer com que, também elas, fossem sempre mais. Conseguimos, eu e as flores, nossos objetivos. Todos eles. Podíamos tudo.
Dia após dia, ano após ano, me fiz melhor para merecer continuar a tê-las como apenas minhas. E ano após ano, dia após dia, minhas flores se fizeram melhores para mim.
Mas um dia, não um belo, mas apenas um, pensei que a vida outra, que em momentos ansiei ter, fosse também o ideal para minhas flores. E mostrei a elas que haviam vários jardins. E imaginei que também elas ficariam felizes com um espaço sem limites. Pensei ser capaz de continuar como o jardineiro de minhas flores, alternando-as entre o pequeno e o grande jardim (o primeiro, nosso; o segundo, de ninguém).
Mas meus ombros não suportam o peso do mundo. Não sem as flores. Serei uma criança? Sim. Uma criança que ama as flores. E cuja vida, sem elas, perde muito da beleza. Quero regá-las, cuidar delas, poder vê-las e escutá-las como sempre fiz.
Sim, as flores falam. Todas elas. E disseram então que não se pode ter tudo. Só que eu não quero tudo. O tudo não me serve, longe delas. Mas eu, eu fiz com que as flores suportassem o peso do mundo em suas pétalas, sem mim.
Devolvi, à vida, as flores que a vida me deu. Mas... Vida, quero minhas flores de volta.

19 fevereiro 2006

SEGUNDA CARTA

Palavras. Elas e seu estranho poder de ser e não ser mais. E aí, não mais como sons, mas como trechos de cartas nunca escritas, ou tanto e apenas tão escritas, continuam onde deveriam sair. Onde talvez não devessem entrar. Mas túneis não possuem retorno em seu interior. Pena. Somos túneis. Amores, palavras... Haverá amor sem palavras? Palavras sem amor, há? Não, não... Sim, sim...
Assim, sem palavras. Assim, sem amores.
Não, cem amores. Como nele, os "cem anos de solidão", o peso dos cem amores que passsaram, mas que deixaram no vazio do tudo que termina, o peso de todas as muitas, todas e tolas palavras ditas em seu nome. O dele, o seu, o meu, o nome... Que nome? Como rotular? Como definir? Será o ser ou o não ser que basta para dar um nome? A que dar nome? O que é? O que foi? O que pensei eu, de nós? Eterno, etéreo... Palavras, jogo delas. Jogo de nós.
A primeira, que diferença faz? Prefiro lembrar de palavras outras, recentes, mais pretéritas, que diziam de felicidade como se lapidadas em diamante, não escritas em areias ao vento e mar.
Mar...
Melhor deixar assim.

30 janeiro 2006

SIM

E ele volta.
O estado dos que percorrem, em passo único,
distâncias longíquas que não são percebidas como tal.
Na passagem de segundos, o ser que era um
sonha o sonho de ser dois.

E nos dois que são em cada um,
o esforço dos que amam em tempos diferentes
passa a ser o que não existe.
Existirá apenas o sempre,
como intervalo único e possível.

Nós e o que eterno é sem sequer havido;
Nós e o tudo que nos damos, em nadas;
Não sabemos nós, nunca saberemos,
do início de milênios antes de julho, singular...
Mas sabemos do outubro onde fez-se então, plural.

Sem perguntas, a resposta:
Porque sim, eu amo. Porque sim, eu quero.
Porque sim, todas as vezes que busco,
em você, a mim mesma,
que sempre sua, que sempre amor.

Não confio em poemas dos que não-poetas;
Não confio em não-poemas;
Não confio em não-poetas;
Não confio em não;
Não confio no não que digo.

12 novembro 2005

BOA NOITE, DIA

Sua, minha paz.
Silêncio que alma pede, para ser ela, é em seu eu que mora.
Está até mesmo nele, já que em mim vive sempre,
mas como de passagem segue, de quando em quando,
me leva sempre até você, que sempre em sempre.
Divagações. Meras repetições.
Sou o repetir. Assim como você.
Mas o que seria o amar sem necessárias repetições?
Repetições de mim, repetições de quem amado,
repetições de você.
Onde me vejo agora,
senão no pouco onde vi a mim nele?
Onde me vejo...
Em você me vejo, mas a mim não me mostro.
O que mais mostrar a qual vê tudo?
Poderia? Deveria?
O não me ver se mostra sempre para mim.
Não busco o espelho. Sou o próprio espelho.
Reflito você, que sim e não se mostra a todos,
e a mim, que não e não me mostro a ninguém.
O que mostrar? Nada a ser visto.
Nada que quisesse ver em outros,
poderia eu apenas mostrar a mim.
O alheio. É o outro que move a busca.
Sempre repetição.
E sempre, como sempre, sem fim que o diga.

10 novembro 2005

...

Eis que começa a amar. Descobertas umas poucas verdades e mentiras da vida, ele chega. E vem sempre mais que o pleno, por primeiro que é. Já que sem parâmetros, ele é ele. E por sê-lo, aí então, a dúvida: Ele é o que é? Ele é o que parece ser a quem está olhando para ele de frente? Se não for, será depois sabido como não sendo, ou apenas menor o sê-lo, quando comparado aos outros que então futuro?
Você seria capaz de saber como se começa a amar alguém?
Em que momento, em que fase, em que frase? Saberia?
Eu não sei.
E se eu amasse sem saber?
E se eu não soubesse como amar?
Alguma muda resposta? Coração só bate coração. Não mais, não menos, apenas apenas. E apenas é pouco? Não, apenas é único;
"...De tão errado que é isso tudo, o errado não existe mais. Agora tudo é certo..."

No meio de tudo, o corte:

E a profecia cumpre-se? Feliz no jogo, infeliz no amor. Infeliz no amor? Não. Impossível não felicidade o conhecer ao que foi, como jogo, feito em quatro mãos. Construir no caos o que dure. E é assim que seria. Rasgadas todas as gramáticas, ainda assim apenas futuro do pretérito. Nem hoje, nunca amanhã, e ainda assim não ontem.
Não sonho a felicidade dos deuses. O muito menos deles seria o bastante aos que somos todos. Mas nem face dela foi dada mostra a quem quis vê-la. Nem em antes. Nem em depois.
Silêncio...
E quanto mais ele, menos o par, só o ímpar.
Assim, sem maiores dores aos olhos que não vêem telas, mas que enxergarão finais, eis o esperado. Aos olhos que de outros, o final. O que em noites outras foi falado, mas que nunca conseguido, hoje assim é feito for força de mãos que não as quatro que jogavam o jogo.
Serão então as quatro mãos exemplo de fraqueza? Não. Serão as quatro mãos sentido de cuidado. De querer bem, antes de qualquer outro querer, mesmo que apenas ao longe.
Esse é o maior querer. E esse é o que dura, mesmo construído em caos.

02 novembro 2005

MAR E ILHA

Agora, apenas eu e você. Apenas nós, e nada. Nós? Nada? Nada.
O que me persegue, senão sombras? O que faz a sombra, em mim, deixando escuro o que o sol quer mostrar, a essas tão poucas horas de manhã vista? Sedação, perdimento.
Não fui querendo a lugar nenhum, afora em mim, e no que hoje fui, nada vi. Eco de silêncio. Vazio. O tudo que foi embora sem que percebesse, sequer, que esteve em mim, não deixou bilhete de despedida. Foi-se. Como vão-se amores, lembranças, pensamentos, e tudo o mais que nunca então teve morada em canto outro, senão aqui.
Sequer palavra deixou a mim, lugar de pouso. Palavras não pousam. Voam. E como vôos que são descrevem em céus e infernos o que sequer ouso. O não ouvir palavra. A afirmação dela pela força do não dizer, e então nado...
Ali vejo o mar. E nado. E nada. Não sei nadar. Caminho nele a passo curtos, contados, como em cálculos de equações inexatas dos quais me faço. Não corro, mas não paro. Nunca parei. E eis-me assim: Cercada. Por vezes de mar, quase sempre de ar, mas nunca escuro, mesmo que sempre não luz.
Em penumbras vejo a ilha, que não chão nem mar, mas que também nunca céu. Olhei o céu? Por acaso vi o céu? Fomos apresentados, ele e eu, em data de festejo?
O que festejar, se nada é festa? Se nada sou, também, como comemorar? Em que brinde com taça será feita a lembrança por registro? Que registro darei a nada? E a posteridade, o que levará do que não digo, não mostro e não faço? Apenas meus nãos serão levados nela, como ondas pequenas que são e não marcam? O que rastro? Nada?
Em mim que nada sou, e que portanto não existo, terá o sim único o poder da mutação?
E ilha, e ilha... Não amparo. Não firmeza. Desconhecido? Sempre. Mesmo quando ando em voltas, são esquinas inexistentes que temo. Temo? Temer o que não há? Como pode? Como pude?
Devaneios, só. A sós, devaneios.
Mares e ilhas de mim. Navegados e percorridos em mim, que neles navego e percorro o não ser. Ainda que sendo, então, apenas mera vontade de nada.

27 outubro 2005

REC/...

Que falta pode ser feita se não tida, em si, um objeto de delito?
Em direito, por direito, o objeto não é senão o motivo, sendo ele primeiro e último. Sem motivo, não existe objeto; portanto, não existe discussão. Sendo ponto pacífico entre ambos, o que seria questionado, por assim dizer?
O que pôr em termos de final, sem que início dado? Serão sonhos motivos de litígios entre partes sonhadoras de um tudo, que de nada era até então feito? Haverão tribunais aptos a julgar o que assim, sem existência? Se em nada o ser, o ter, ou o dizer, mérito há, então, a ser discutido? Se o que cala não é dito, nem havido, muito menos (sen)tido, que sentença inexistente será dada?
- Condeno-te a não sonhar. Como tal, insone não haverás de ser, por todo o sempre do sono teu, que a ti nunca será permitido possuir.
Das culpas, a menor culpa: Do que tido, o querer não fazer.
Das sentenças, a maior sentença: Do não feito, penar o não ter.
E por possuir, assim não tendo, e por não fazer, assim mesmo querendo... A pena não há de ser senão tua, apenas.
Réu confesso que és, abdicas assim de defesa, e acusação por só o existir lampejo de vontade, este sim verdadeiro culpado pela falta de um pássaro único que voe com só necessidades, "...até que os olhos mudem de cor...".
Condenemos então o humano, o falho, o que de menor há em vontades que apenas são, delas, as demais, por mais que, delas, as de menos.
Pelos mais, pelos menos, ou pelo que deles fizéssemos, cubramos o espelho que reflete a ti em direção contrária.
Emblema não de começo, mas de fim dele. No ano, o mês.

26 outubro 2005

A MÃO E O TEAR

Em nobres tecidos mergulham-se pensamentos, e entre agulhas de ouro e prata, se fiam palavras sem sentidos a outros nus, que por mais que os tenham em si, não se fazem entender por quem os vestem.
No paradoxo do vestir e desnudar, escondido o que se mostra, e exposto o que não se enxerga, faz ver ali sempre o detalhe, por quem entende o seu feitio. Não eco: O de outros olhos. Outros eles que, acertada e curiosamente, varrem espaços entre linhas e procuram, em pontos dados, viéses de fatos vividos por si, ou imaginados ali, ou supostos em vários.
Não caberá nunca o desfazer da costura. O avesso sempre estará à mostra de quem o busca, mesmo quando visto por lado outro. Avesso... Às avessas sempre alinhavos distintos a quem os faz, que destros parecem, mas que à esquerda andam sempre, em via inglesa.
Por que não a simplicidade de um tear? Por que não apenas uma única agulha e uma mera linha, que serviriam para pôr pontos onde faltam eles? Não, porque apenas pontos não bastariam. Se apenas eles, seriam sobras, não acabamento.
O simples não seduz pela facilidade aparente, mas pelo sentido oculto que nele é buscado. Assim é desde o sempre, e sempre o será.
Queres ver então, a mim, dessa forma? Não terás o esperado. Sou o que não se espera. Serei o que de mim aguardo. Sempre linha e agulha a fazer vestes que não cobrem a nada, nem a mim, que não as quero. Mas que as preciso, pelo encantamento de nada mostrar, a quem tudo quer ver.
Não esperas? Não, espera. É assim que terás o que buscas. Surpresas guardadas em ti, nunca em mim. Os sentidos muitos do que vês, estão apenas em ti. Nunca meus, e nunca serão.
Apenas por isso, e apenas assim (como se meros fossem, o isso e o assim), mesmo que tenhamos as linhas mais simples e as agulhas mais frágeis, nunca alinhavos. Vidas não se costuram apenas com isso, e assim. Também, sim. Nunca apenas.
Não encontrei a agulha única, e a mera linha de mim fugiu.
Não o previsível serei. Não a ele darei vida. Estando nós em linhas de vida misturadas, também a ele não terás.
Por isso faço-me assim. Para que não aches nunca, mas para que nunca pares de procurar.

22 outubro 2005

NADA, OU QUASE ISSO

De quantos nadas sou feita? De quantos tudos me faço, estando quase toda em outros que não eu, se todos quase tudo em mim?
Quase. O quase é quase sempre. Sempre meio quase chego. Sempre quase chego ao meio... Sempre metade.
Metade de mim? Não, eu sempre inteira no que quase sou. Por pouco não fui, por pouco não estive, por pouco não vi.
Sendo, estando, e vendo, o inteiro de mim em partes segue, e chega onde braços não estarão, mas que sempre aí abraços.
Toco em mim sempre por não ser você; porque nunca fui, porque nunca estive, porque nunca vi. Negações do que sempre afirmado. Quase, ao meio, por meios..
Mas se sempre meios, ou se sempre quases, como então verdades? Então não nego, então não meio, então inteiro.
E uma vez pergunto: Então não me viu em três?
Pergunto a mim três vezes: Então não viu?
Três vezes vi e vista. E por essas tantas poucas visões, posso dizer que por assim vimos? Se apenas olhos, já que não de resto, seria assim o todo? Que tudo há aí, de mim? O que serei daí, o todo?
Quase voltarei por meios, em meios de quase chegar ao meio que desejo quase inteiro.
Então, o que digo: Meias palavras.
Nada. Tudo. Pessoa também não vista (mas sentida bem, desde que sempre letras) falou a mim de dualidades, das quais somos todos e onde todos estamos. Entendo assim não o quase ser, mas o sempre ser quase.
Se consciência de inteiro, a busca aconteceria? Existiria? Permaneceria?
Nunca falo nada, ou quase isso.

20 outubro 2005

SHOP SUEY

"...Pai, em suas mãos eu entrego meu espírito.
Pai, em suas mãos, por que você me abandonou?
Em seus olhos me abandonou,
em seus pensamentos me abandonou,
em seu coração me abandonou..."


Do que poderia falar a você, irmã minha sem que tenha sido, mas que fato em muitos mais que eu?
Como filha feita à imagem e semelhança, sou eu tão ele quanto ele, eu. De diferenças, as muitas e inúmeras que nos separam dele, eu e você. Por crermos nelas, distâncias para nós não mais que passos de mera escada por horas mínimas em dias até longos, por algumas vezes, e curtos, por outras tantas, e que a partir dela, a escada que sobe (descendo também), e mesmo por ela, a escada que desce (subindo também), podem fazer-se muitas, as horas, por apenas exercício de amor. Amor que sempre excesso, e nunca falta.
Amor que ri e que chora, como antes e como hoje, em sorriso não visto e em lágrima não caída, ainda que quase ambos, por diversos que sejam os motivos que poderiam fazer ser. E que foram, há dias muitos, contados por tão poucos de nós, e dos quais você fazia parte, por ser eu mais lágrimas que sorrisos, naquele então.
Diferenças, discordâncias... Amores. Amor. Pelo que de humano temos você e eu, e que feitas por um que até dois ou mais podem parecer, para nós e vários de nós... Não importa. Não a mim, e sei que não a você. Quisera que a nenhum dos outros todos.
Sabemos ele porque sabemos nós, e em águas nunca vistas por todos os poucos possíveis, lembro do cobrado por teste, e como certa a resposta fez crer no que dito não merecer confiança.
Em música não de criança falo de mim à você, mas que de criança veio a mim e como consequência chega até você. Sejamos crianças então. Eu, você, e a criança que não mais quer ser, por vezes, mas que será sempre, para mim e para você, das vezes, as todas.
Do Espírito, o alimento.

19 outubro 2005

TANGENTES

Vem, segura firme em minha mão. Levo-te a passeios por teus jardins não conhecidos por ti. Como não os são por mim.
Vim, seguro firme em tua mão. leva-me a viagens por meus sonhos não vividos por mim. Como não os são por ti.
Que densas florestas de vegetação rasteira percorreremos tu e eu? E onde veremos o perigo que nos cerca, sob cada pétala de caminho não mapeado pelo que faremos com o que sejamos nós?
Espera. Deixei grãos que nos levarão à saída. Não, mas eu mesma, quando acabaram-se os que tinha à mão, voltei e apaguei toda a trilha, por tentar criar uma que de volta, tão imaginária quanto os primeiros ali colocados.
Escuridão de claridade. Excesso de luz que cega. E dele a falta também, por absoluta não existência em quem o deseja. Saberemos ver-nos na luz da escuridão infinita, que breve apaga-se, quando não ela?
Até então não sabia de nadar ou de navegações. Não sabíamos nós, até mergulharmos em águas longes, que nos fizeram esquecer do iniciado sem gota sequer, nem em mim, nem em ti. Mas que fartas agora, em ti e em mim. Não as queiramos rio. Não as façamos mar. Não as tomemos como ar.
Ah, não são. Ah, não sejam. Façamos de nós então brisa, que de leve a tudo toca, e a tudo modifica, sem sequer mover saudade.
Saudade existe em linhas retas? Curvas serão feitas de saudade? Haverá diferença entre retas e curvas construídas em faltas de presença? Ou será ela, presença de faltas, que constrói saudade?
Dentre as perguntas que não nos fizemos, será essa a única a ter em nós resposta?

15 outubro 2005

EU, ELE E ELLA

Até então, para mim o jazz. E hoje, ao som distinto que em nada lembra, escrevo sobre o desconhecer. Ou sobre o conhecer exato, ainda não como fato, mas que chega em perenes doses de existir.
Como não mais demonstração, Ella. O que seria apenas pronome, por ele ganha sentido diverso, e então por ele, e então por Ella, busco palavras para idéias que não sei.
Seria impossível visualizar quem não mera palavra? Então por que o tema? Seria Ella? Não, seria ele. Ele, que viu a Ella mais real do que jamais o jazz, que pouco ouvi. Como não cantar em música, apenas lida, a magia de um nome? Nome que graça, nome que belo. Nome que valor, pois sabido por quem o tem. E também por quem não o traz em si, mas que passa a ter o valor que nele contido.
E então por hora pouca vivo ele, que poderia viver Ella. E no sentir de irmãos que somos dois, a essência de sermos três. Muitos, vários, em um só. (Palavras que a mim não mais pertencem, por ofertadas em outro lugar, onde também cabem).
Na existência dos muitos, dentro dos poucos três que ainda dois, o encontro que nunca acaso. Encontro que causa, não efeito. Mas que feito de encantos que se refazem no dizer de um nome. Encantos que se contam? Sim. E também lá, onde todos contam contas, se contam encantos, e como fada boa a distribuir estrelas em sorrisos, eis que Ella chega.
Distribuo a Ella então palavras, já que estrelas não as trago. Trago a ele, que desde sempre meu, e que por assim ser, me distribui estrelas em sorrisos, lágrimas em estrelas, e estrelas em estrelas. Desde que o meu sempre dele, desde que o dele sempre eu.

14 outubro 2005

O QUE EU FARIA, SE PUDESSE

Se eu pudesse, ouviria o que a vontade quer falar...
E tiraria assim os fios que envolvem, apenas pra mostrar em nós, então,
o que é possível.
Se eu pudesse, levaria sua alma para o mar...
E mergulharia assim as belezas que existem, apenas pra provar em mim, então,
o que é visível.
Se eu pudesse, sussurraria em seu ouvido o meu contar...
E cantaria assim as formas que se dizem, apenas pra deixar em você, então,
o que é inesquecível.
Se eu pudesse, ecoaria em ondas leves que não se precisa lembrar...
E deixaria assim as marcas que fogem, apenas pra ocultar nelas, então,
o que é indizível.
Se eu pudesse...
O que eu faria, se pudesse?
Se pudéssemos...
O que nós faríamos, se pudéssemos?
Um parque, em tarde de sol.
Uma praia, em acontecer de manhã.
Um tudo, em escuro de noite.
E se se..., o que eu faria, se pudesse?
E se pudesse ser o se..., o que eu faria?
E caso ele não existisse, aconteceríamos?
Aí então, finalmente, (não) seríamos?
Mas se o se é real, e dele não florescem escuridões,
dele então emanam luzes.
A luz de uma tela plana, plena em cores.
A luz de uma janela aberta, feita em flores.
Verdade.
Mentira.
Verdade, que é de verdade.
Mentira, que é de mentira.
E se se...?
E se não...?
E se sim...?
E se ...?
Sim!

13 outubro 2005

DOS SONHOS

Um sonho gerou o nome deste (como já dito), enquanto poema que me dado nele. Em sonho outro retribuí sem batismo, não à altura do que passado, mas como me foi permitido sonhar.
Sonho pouco. Sonho mal. Não crio poemas. Não faço poesias. Não sei de finais.
De letras, apenas a vida.



Os beijos que me deu,
trago todos em mim.
Em toda parte, eu até por dentro os tenho.
Como se marcas, e não lembranças,
com eles acordo nos dias, e neles me faço adormecer.

É sua boca, não a minha,
que se desenha nos pensamentos todos, e tolos,
como se possível a volta de uma manhã ida.
Quisera também que vinda,
mas as manhãs não voltam...
Não as mesmas, não aquela.

Os beijos também não,
e meus dias e noites sem eles passam assim,
como a fumaça que é, mas que logo se vai, e em nada fica.
Por mais que a sinta minha,
por mais que não a queira assim.

Se minha assim não fosse, os beijos seriam meus?
E as manhãs, de quem seriam?
De minha, nem a tabacaria, que é de Fernando apenas, e sua...

Só o que de mim parte,
cujo destino não é perto, mesmo estando à mão,
encontra eco naquela manhã.
E como eco, repete ao nada palavras não ditas.

09 outubro 2005

ÍMPARES

Veio do nada onde tudo é. Ainda assim, não é que não o seja: O sentir é presença. E como presença, existe e faz existir. Ainda que nada toque, ainda que nada veja, mas que tudo faz tocar, mas que tudo faz ver.
No irreal, apenas o nada é necessário, e talvez mesmo por isso, tudo ele seja: Tato, paladar, visão e olfato fundidos em nada, e então difusos, e então tudo. E então nada.
No tudo do nada palpável, o encanto do perceber(-se).
A saudade do que não se sabe nela. O desconhecido. O gosto dele. Seu medo e seu querer.
O mapa que atalho para distância definida, mesmo que (ir)real, e por isso (in)superável, que não traz a diferença.
E o pleno de segundos, onde tudo/nada faz sentido, encontra morada no mundo onde inexistem anos-luz. E luz, e anos, também eles não o são. Como meros espectadores dos sonhos, a luz e os anos, os anos-luz, sucumbem ao ser. Querer ser. Dever ser. Precisar ser.
Singular e plural inexistem, já que normas faltam. E sobram. E excessos e faltas delas também assim nada são. E delas tudo são. Regras de jogo iniciado em tempo que não existe, não seguidas pelos que ali nunca estiveram.
São. Somos.
Somos nós, números pares de um par que ímpar, soma e diferença.

07 outubro 2005

PRAZER EM CONHECER

Aqui estou... Início do que será o concreto em minha segunda ação para a posteridade! Já tenho um filho-gato (gato-filho, de fato), portanto já dei um passo para alcançar a tão falada tríade "plantar uma árvore, ter um filho, escrever um livro". Apesar de conservadora, traço que meus amigos não crêem (não entendo o porquê) talvez troque a árvore por um bonsai, que pequeno mais ainda árvore, e o livro por um blog, que não livro mas ainda letras.
Vamos às apresentações: O título, "Bem-me-quer", tomei emprestado de um poema dado(?) a mim por um sonho, em um que apenas meu. É, só assim deve ter sido. Apenas um sonho sonhado por um é tão breve quanto o sonho que tive; ou que não tive, por real que pudesse ter sido, se de mais de um... Talvez um dia seja possível dividí-lo (o poema), quando sentir que realmente meu, e não apenas parte do sonho vivido em sono, insone, por quem lhe deu à luz. Talvez...
Tudo é tão cíclico, em essência, que há alguns anos atrás (uns cinco ou esses mais uns poucos, não posso precisar), disse que queria ser um cachorro vira-lata - ainda bem que existem flores no caminho, como testemunhas do passado - pela liberdade que guia sua vida, e pelo que de sincero é todo afago que recebe. Pois bem, os anos passaram, deles as letras, e concluo que, decididamente, NÃO! Não quero ser um cachorro vira-lata. Em princípio, porque a liberdade também pode ser uma prisão, no que comporta de absoluto; além dela, como se preciso ainda fosse algo, afagos podem machucar, independente de sinceros ou não - isso nem sempre é fácil saber, creia (mas é o que menos interessa ao cachorro vira-lata). Ter o afago, e tomá-lo como seu, faz com que se perca o rumo, o prumo, e aí, sem pontes a guiar (sempre bem-vindas, quando surgem para quem possui a sorte de encontrá-las nos caminhos) lá vai ele, o cachorro, a buscar o mesmo afago, a mesma mão, em afagos e mãos que não lhe são caras. O afeto daquela mão então se perdeu, por breve, e ele segue assim, na lembrança de um carinho apenas... ou dois, ou dez, ou vinte, ou trinta, trinta menos um.
Assim são os cachorros e, por analogia, as vacas.
Como não sou vaca, nem cachorro, todo o acima não passou de ilusão.
Minha, que a escrevi. Sua, que a leu.
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